Prof. Dra. Adriana Russi Tavares de Mello (Pós-doutorado USP)
Uma das políticas culturais mais antigas na legislação brasileira é aquela voltada ao campo da preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, sobretudo dedicada ao que se convencionou chamar de política “pedra e cal”. Assim, desde os anos 30, paralelamente à esta legislação, se seguiram experiências de ações educativas voltadas à valorização do patrimônio, concentradas principalmente em instituições patrimoniais – os museus. A partir dos anos 70, vimos uma mudança conceitual sobre o entendimento do que é patrimônio. Paulatinamente, o termo foi deixando de ser apenas histórico para ser ampliado para a noção de patrimônio cultural, abarcando com isso as discussões internacionais que se davam no âmbito da UNESCO sobre a diversidade cultural e sua importância para a humanidade. A Constituição de 1988 consolida este entendimento, expresso em seus artigos 215 e 216. Dessa maneira, nos anos 80 observamos duas abordagens educativas para a valorização do patrimônio cultural: uma que se configurava no âmbito dos museus – a educação patrimonial – e outra que acionava uma articulação entre órgãos do patrimônio, escola e comunidades – o Projeto Interação. Atualmente, muitas são as perspectivas e abordagens educativas para a valorização da diversidade do patrimônio cultural brasileiro. Esta palestra tem como objetivo apresentar sumariamente uma perspectiva história sobre o patrimônio material e imaterial brasileiro para, a partir de alguns casos, evidenciar sua importância na formação e identidade cultural de um povo. Um dos casos analisados será o da Etnoeducação, experiência desenvolvida ao longo de uma década no município paraense de Oriximiná.
Prof. Dr. Gilmar Rocha (Pós-doutorado UFRJ)
A cultura popular constitui um campo, no sentido amplo do termo, que envolve inúmeras manifestações, representações e práticas que vão desde os estudos clássicos do folclore às pesquisas contemporâneas em torno do patrimônio imaterial na perspectiva da antropologia. Mais do que um tema relacionado somente a um campo do saber como o folclore e o patrimônio, a cultura popular é parte de um amplo e complexo processo de formação histórico-cultural da nação brasileira e à compreensão desse mesmo fenômeno enquanto realidade marcadamente plural e diversa. Não é demais lembrar que em tempo atuais, os registros e os pedidos de registros de patrimônios imateriais, seja no âmbito municipal e estadual, seja no federal ou universal, confere às culturas populares enorme visibilidade social, histórica, econômica etc, quando se pensa nos processos de salvaguarda das culturas tradicionais, dos saberes, dos ofícios, das festas, dos lugares etc;. Todo esse processo, certamente, deve ser acompanhado de reflexões e da participação dos agentes governamentais e das populações protagonistas cuja visibilidade é conquistada por meio dos rituais, das obras artesanais, das performances corporais etc.
Esse quadro, ou melhor, campo, amplo, complexo e, sem dúvida alguma, complexo extremamente rico e denso, nos coloca inúmeros desafios ao mesmo tempo que anuncia vários limites à sua compreensão e ação política e social; mas, também indica inúmeras possibilidades e caminhos criativos quando aponta desde as potencialidades de investigação e ações políticas relacionadas à elaborações de identidades, manutenção de tradições, valorização das memórias do grupo etc. Identificar e problematizar, no sentido de refletir e avaliar, alguns desses limites e potencialidades visando pensar a realidade da região, ou seja, a cor local da cidade de Canaã dos Carajás é o objetivo desta comunicação. E que tem, três pontos privilegiados de observação: a importância da memória na constituição das identidades e da tradição dos grupos; a circulação das pessoas e dos objetos no seio das culturas populares promovendo tocas, renovações e aprendizagens; e, por fim, a centralidade estrutural das performances corporais (verbais e gestuais) nas manifestações culturais populares.
Rua Esmeralda, 141
Nova Canaã II
68352-099
Canaã dos Carajás, PA
Funcionamento
Espaço aberto à visitação de segunda a sábado, das 8h às 19h. Acompanhe, também, nossa programação on-line.